terça-feira, 8 de dezembro de 2009

a minha, a nossa verdadeira herança

Sentir a música, com tudo o que isso implica, é das coisas mais bonitas do mundo como também a poesia... por isso, aqui fica a sugestão desse exercício, com um fabuloso FADO, do nosso ínfimo património musical...
Eu diria... sublime... but who am i?

"As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir



Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir



São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder



Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer



A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera



Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera



A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade"





Marisa

quinta-feira, 29 de outubro de 2009


Sempre soube que seria
Do mar uma gota
Perdida roubada, ludibriada
pelo erro da imensidão...
há um rio!! não!!
havia um rio, cresceu...
mar, oceano!!
tingido a cores de tinta
debotadas pela velocidade
de um barco de papel!!
tentei embarcar nas palavras
beber a tinta das letras...
sentir a bravura das ondas...
naufragar na esperança
de um dia navegar!!!
Na certeza do infinito...
oh mar salgado!!!

terça-feira, 8 de setembro de 2009


há livros que nunca rasgam...

páginas que nunca viram!

letras que não se emanam

com o tempo!

Há também...

trilhos que não se esquecem

vidas que em nós perecem

e nos embalam num som mudo


passo as mãos pelo vento

e alegro-me...

crendo que não existo e não sou!

estrada ou nada que percorro

mas há sempre um caminho

que não sigo mas vou!!


guardo em minha mãos um pedaço

da noite do teu luar

de uma revolta incessante

de caminhos perdidos..

onde andei só

e fui errante!!


guardo essa luz em meus olhos

de sonhos vestidos

de ideias loucas

ando eu certo? ou estou errado?


afinal...

há sempre um caminho suposto...

uma página rasgada...

um vestígio de nada!!


quinta-feira, 13 de agosto de 2009


teimando não ir por aí
vou...
não seguindo os conselhos
tão normais, cruciais!
que me dizem para não ser assim
mas quero... ser a forma do meu ser!
não posso
ser quem não sou!
Eu...

não...
não quero mas não posso
ofuscar do mundo ironia!
com nobreza da impureza
questiono-me no momento
sentindo tamanho tormento...
eu...

por isso a minha trilha
descontínua e fraca
de fortes convicções...
inerte a tamanhos vulcões!
de fracas sensações!
eu...

não sou
não quero
não posso
não vou
...

olhar o mundo como nosso
repleto de podridão
pouco digno de saber
as provas que não invento
se lá dentro tudo é feliz!?
as aparências são forma de nada
de luz inabalada!

eu...
trago no peito a saudade
da falsa felicidade
por aqui não conseguir parar!
para outros essencial...
a realidade de saber viver
são reflexos de comodismo!

não me canso de ser criança...
de verdade
de vida
de luta
de esperança...




quinta-feira, 6 de agosto de 2009


incoerentes corações

que nos levam da vida ternura

almas denegridas

pelas incoerências dos sonhos

lutas de titãs

desiguais arrebatando os fracos

como eu... levados pela maré cheia...

de podridão... tal como a vida!

Confiança que se emana para lá do horizonte!

que afinal não tem linha pra transpor

nem nos permite MAIS acreditar!!!

quinta-feira, 30 de julho de 2009


afogo-me num mundo

repleto de fins sem princípios

Com vontade de unir versos

em universos há muito já perdidos

Sem se poder dizer, sim foi assim

foi assim que aconteceu!

um mundo livre, livre

de ramos de árvores,

de flores folhas e frutos

e de raízes!!

onde estão as raízes?

que suportam todo o oxigénio??

posso estender os meus olhos

sobre todos os telhados!!!

mas não existe já azul no céu!

corroi-me uma revolta incessante

inundada de caminhos esquecidos

que me faz andar só e ser errante!

lamento a ineficácia deste céu

a escuridão desta luz

a verdade da mentira

que a tantos vos seduz!!

Que não sabem do deserto, nem da areia

nem da relva ou da lareira

com serenidades de rostos

estupidamente abertos

prosseguem...

com um bálsamo de falsa esperança

inúteis!!

lavados nas lágrimas dos humildes

banhados no sangue dos heróis

tomando os louros da coragem

dos belos e cintilantes sóis!

brilhantes como as estrelas

num céu ineficaz e escuro...

fica em nós, por isso,

a luminosidade da imperfeição humana!

num mundo agreste

de almas inquietas...

quarta-feira, 22 de julho de 2009



e os anos passaram... e a terra e o vento e o mar


por onde corre o sangue e a escrita da vida


de uma pressa com olhos vendados


um riso estúpido bloqueando correntes de ar


e a medida de todas as coisas?


de todas as coisas que estão no mundo!


maior mistério não há que este


Teu!!


espantas-me o grito profundo...


também ela, a voz, foge!!


após a sucessão das estações...


repletas de abraços, de emoções!!


fico cobarde e capaz de descobrir a coragem


no fundo de um medo... doce e agressivo


ingénuo e cínico... em constante aprendizagem...


de uma melodia bela e incoerente


continuando... fingindo desconhecimento


pois essa é a minha única certeza...

quinta-feira, 16 de julho de 2009



uma página escreves e reescreves

uma página repetes, a mesma página

sempre...

ou talvez não...

por não ter resposta

com uma escrita nunca escrita

com uma tinta nunca vista

uma página que busca o nada

virada, rasgada, apagada...

podíamos saber um pouco mais...

escutar-lhe o silêncio das palavras

que me prendem aos instantes


me Envenenam e salvam

sem uma certa correcção e

tão pouco te pergunto

e porque não...?

não conheço as linhas desta página

que me embala e me inventa

e é tão pouca e é tão extensa...


escreves o teu mel de negro fel

o imenso mar dos teus olhos

esta febre que me afoita a alma

tão pouco pergunto

e porque sim?


não há pois nada

que eu possa imaginar

com o teu silêncio mansinho

de linhas em branco

de tempestade sem calma

tão pouco pergunto?


além de um oceano de calma

buscando o sal de uma só alma

demorada nos gomos da saída

e nos silêncios lunares embevecida


este crescente fulgor de páginas

... que me embala

de magia e tormento


o que é escrever sem nunca riscar?

mesmo para lá da própria morte


quantas frases vazias existem no meu peito?

e nem tão pouco te pergunto...

sexta-feira, 3 de julho de 2009



Era uma luz pura, inefável, que me fez avançar


Que me queimava a testa docemente...


Inundou-me uma luz fria e distante, mágica e cintilante


Que corria, de noite, como uma carruagem em fuga!



Todo este brilho chegou num momento indeterminado


Eliminando, de forma sobrenatural, o meu olhar!


Inundou-me um encanto maravilhoso e secreto


mas...



Aquele ontem, foi já há tanto tempo!


Que bate forte e fraco incessantemente...


juntar-se-ão passos nervosos a esta chama


para que a caminhada reflicta passos de luz



O verdadeiro espelho será resplandescente


diferente e longínquo


remetido num universo excitante


onde respira a minha alma



Porque os relógios sao de vidro


os números desnecessários... e


ser um pouco para lá da estação


não tem a mínima importância !!

quarta-feira, 24 de junho de 2009


É, muitas vezes, no silêncio da noite, que se escuta a mais bela melodia...

Quando estamos à beira do eclipse e nem as estrelas brilham, de repente, somos guiados por um som... ao longe, que nos oculta o mistério mas alimenta a curiosidade de prosseguir!

As gotas ácidas, que nos transbordam, são-nos impermiáveis e o tempo... o tempo, nesses instantes pára, como se o amanhã não existisse...

Damos por nós a caminhar, em estradas sem bermas, mas que nos acolhem e preenchem o quotidiano...

Deixamos, por isso, de controlar aquilo que chamamos razão e somos impelidos por algo, por muitos, ditos sábios, chamado coração... julgava tratar-se apenas de uma cavidade, mas a verdade... a verdade que não passava de um conjunto de mentiras tornou-se, agora, indefinida, desmedida!

Rasgando fronteiras caminhamos, sem pressa de regressar... a ironia e o destino, só eles saberão, o rumo, o porto, o alvo que esta viagem há-de tomar! Porque a melodia continua....

segunda-feira, 22 de junho de 2009


Havia corredores de dor

Deixados ao fundo da cor

insípida....


Pararam-me as mãos

Num pedaço de esperança

Com a noite no regaço


Por caminhos abandonados

segui feliz errante

Pelo inquieto asfalto!


Os sonhos vestiram-me a alma

o mundo rasgou-me a calma

De falsos delírios banhado...


sobre a luz parou um crivo

havia um cinzento de mel

De um sol que nunca se abriu


Creio que existo e que sou

Estrada banhada de nada

Virando em supostos caminhos


... que me prendem à madrugada!

Em busca da alvorada...


Não é dor, não é tormento...

Nem sequer contentamento!!

É árvore de pensamento...



domingo, 14 de junho de 2009


O silêncio existe para além das palavras

Que alegram a minha alma

Combatem-se e destroem-se e aí...

abrem feridas tantas vezes fechadas

Quando penso, o silêncio existe

muito para além do pensamento

Livre e solto num infímo horizonte

Quando páro de pensar

Há ventos que me voltam a trazer pensamentos

O silêncio volta... volta

a existir nos meus pensamentos...

Intocado e intocável

E é nesta ausência de mim

que se esconde a verdade...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Dizem que o tempo sara todas as feridas

Talvez seja verdade

Há gerras que são vencidas antes da morte

Mas há feridas que parecem não sarar

Sangram, vertem pus, voltam a sangrar,

surpreendem-nos a magoar a alma

quando esta já deveria estar habituada e imune a tanta dor

É certo que, às vezes, essas feridas acalmam,

como as marés que recolhem à água e recuam para o mar alto

Conhecemos aquele céu aberto... tão dificil de alcançar, de nuvens pintado!

Tão longe de tudo o que parece certo... que não pára de voar, antes de morrer

Mas... Existem descobertas de sina que não têm quê nem porquê

E, tal como as marés, regressam, depois, camufladas

revigoradas, pujantes, invadindo, de novo, a praia e fazendo sentir o fulgor da sua presença,

o impeto do seu regresso...

Será caso para dizer: Com que voz? Com que alma? Com que força?

sinto, constante, surdamente,

uma voz perfeita que me inunda em dias de tempestade...

Que dirige um barco assoprado com um vento já gasto!

terça-feira, 26 de maio de 2009


Quero ser como Zeus

Que não morre a olhar para Nera

Quero ser uma flor renascente na Primavera

Anseio pela viragem do azul do mar

Reflectida no poente que teima em chegar


Quero ser Adónis... sorrindo loucamente

Dinamene de Camões...

dançando sem ilusões

... livremente cativa


Trovador de amor em seu cantado

A fonte descalça do desesperado

A garota de Vínicios

sem saber seus doces vícios
Infinito de chacais e feras à solta
Para na vitória o tempo ser nascente
de um bulor antigo
Tantas vezes renascido...
Quero ser...

Momentos há de dor apertada...

a lágrima a insistir em cair... fugitiva... evasiva... sem ter pra onde ir.

Mas, por cada momento, o passado falece por cada dia que nasce.

De cada etapa conquistada...

De cada batalha travada

Depois de cada esplêndido pôr de Sol,

Como posso não pensar nesse sabor...

deslumbro-me com o seu nascer...

e sinto-me num constante renascimento

e surto como a Esfinge por cada ai de morte e de vida.


Não me contento com a despedida

Pois cantando embarco nas palavras

Enroladas em barcos de papel


Não há cores tingidas...

são sim diluidas, tornando-se mais belas

Na ternura de um olhar que já esqueci!

Com in/certezas daqueles sonhos que eu abri...


Das minhas janelas escorre o meu pensamento

levando com o vento... tamanho tormento

Tudo se agita numa selvagem aragem

abrindo-me portas para uma nova viagem...


"Por vezes sentimos que aquilo

que fazemos não é um senão uma

gota de água no mar.

Mas o mar seria menor

se lhe faltasse uma gota"...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A todos os meus cnoenses


surreal é um sorriso

imortal um gesto

inesquecivel uma meiga palavra...

em sussuro!

consegui num instante aprender isso tudo

sem parar o tempo

sem esconder a alma

sem calar a calma

Porque a vida não encolhe

o jeito não se escolhe

e há cores a saltitar

Que me fizeram em silêncio cantar

e aqueles instantes

Imortalizar...


Obrigada :)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Pois... pré-crise dos 30 :)


Juventude segundo Nuno Markl
Em conversa com o irmão mais novo de um amigo, cheguei a uma tristeconclusão.

A juventude de hoje, na faixa que vai até aos 20 anos, está perdida.

E está perdida porque não conhece os grandes valores queorientaram os que hoje rondam os trinta.

O grande choque, entre outros nessa conversa, foi quando lhe falei no Tom Sawyer.

"Quem? " , perguntou ele.

Quem?!

Ele não sabe quem é o Tom Sawyer!

Meu Deus...

Como é que ele consegue viver com ele mesmo?

A própria música:

" Tu que andas sempre descalço, Tom Sawyer, junto aorio a passear, Tom Sawyer, mil amigos deixarás, aqui e além... " era para elecomo o hino senegalês cantado em mandarim.

Claro que depois dessa surpresa, ocorreu-me que provavelmente ele não conhece outros ícones da juventudede outrora.
O D'Artacão, esse herói canídeo, que estava apaixonado por uma caniche;

Sebastien et le Soleil, combatendo os terríveis Olmecs;

Galáctica, que acalentava os sonhos dos jovens, com as suas naves triangulares;

O Automan, com o seu Lamborghini que dava curvas a noventa graus;

O mítico Homem da Atlântida, com o Patrick Duffy e as suas membranas no Meio dos dedos;

A Super-Mulher, heroína que nos prendia à televisão só para a ver mudar De roupa (era às voltas, lembram-se?);

O Barco do Amor, que apesar de agora reposto na Sic Radical, não é a Mesma coisa.

Naquela altura era actual ...

E para acabar a lista, a mais clássica de todas as séries, e que marcou

Mais gente numa só geração:

O Verão Azul.
Ora bem, quem não conhece o Verão Azul merece morrer.

Quem não chorou com a morte do velho Shanquete, não merece o ar que respira.

Quem, meu Deus, não sabe assobiar a música do genérico, não anda cá a fazer nada.

Depois há toda uma série de situações pelas quais estes jovens nãopassaram, o que os torna fracos.

Ele nunca subiu a uma árvore!

E pior, nunca caiu de uma.
É um mole.

Ele não viveu a sua infância a sonhar que um dia ia ser duplo de cinema.

Ele não se transformava num super-herói quando brincava com os amigos.
Ele não fazia guerras de cartuchos, com os canudos que roubávamos nas

Obras e que depois personalizavamos.

Aliás, para ele é inconcebível que se vá A uma obra.

Ele nunca roubou chocolates no Pingo-Doce.

O Bate-pé para ele

É marcar o ritmo de uma canção.

Confesso, senti-me velho...
Esta juventude de hoje está a crescer à frente de um computador.

Tudo bem, por mim estão na boa, mas é que se houver uma situação de perigo real, em que tenham de fugir de algum sítio ou de alguma catástrofe, eles vãoficar à toa, à procura do comando da Playstation e a gritar pela Lara Croft.

Óbvio, nunca caíram quando eram mais novos.

Nunca fizeram feridas, nunca andaram a fazer corridas de bicicleta uns contra os outros.

Hoje, se um miúdo cai, está pelo menos dois dias no hospital, a levar pontos e a fazer exames a possíveis infecções, e depois está dois meses em casa a fazer tratamento a uma doença que lhe descobriram por ter caído.

Doenças com nomes tipo "Moleculum infanticus" , que não existiam antigamente.

No meu tempo, se um gajo dava um malho (muitas vezes chamado de "terno") nem via se havia sangue, e se houvesse, não era nada que um bocado de terra espalhada por cima não estancasse.
Eu hoje já nem vejo as mães virem à rua buscar os putos pelas orelhas, porque eles estavam a jogar à bola com os ténis novos.

Um gajo na altura aprendia a viver com o perigo.

Havia uma hipótese real de se entrar na droga, de se engravidar uma miúda com 14 anos, de apanharmos tétano num prego enferrujado, de se ser raptado quando se apanhava boleia para ir para a praia.

E sabíamos viver com isso.
Não estamos cá?

Não somos até a geração que possivelmente atinge Objectivos maiores com menos idade?

E ainda nos chamavam geração "rasca"...

Nós éramos mais a geração "à rasca", isso sim.

Sempre à rasca de dinheiro, sempre à rasca para passar de ano, sempre à rasca para entrar na universidade, sempre à rasca a ver se a namorada estava grávida, sempre à rasca para tirar a carta, para o pai emprestar o carro.

Agora não falta nada aos putos.

Eu, para ter um mísero Spectrum 48K,

Tive que pedir à família toda para se juntar e para servir de prenda de anos

E Natal, tudo junto.

Hoje, ele é Playstation, PC, telemóvel, portátil,Gameboy, tudo.

Claro, pede-se a um chavalo de 14 anos para dar uma volta de bicicleta e

Ele pergunta onde é que se mete a moeda, ou quantos bytes de RAM tem aquela versão da bicicleta.

Com tanta protecção que se quis dar à juventude de hoje, só se conseguiu que 8 em cada dez putos sejam cromos.

Antes, só havia um cromo por turma.

Era o totó de óculos, que levava porrada de todos, que não podia jogar à bola e que não tinha namoradas.

É certo que depoisveio a ser líder de algum partido, ou gerente de alguma empresa de computadores, mas não curtiu nada.

Hoje, se um puto é normal, ou seja, não tem óculos, nem aparelho nos dentes, as miúdas andam atrás dele, anda de bicicleta efica na rua até às dez da noite, os outros são proibidos de se dar com ele...

quinta-feira, 7 de maio de 2009




No teu poema


Existe um verso em branco e sem medida


Um corpo que respira, um céu aberto


Janela debruçada para a vida.




No teu poema


Existe a dor calada lá no fundo


O passo da coragem em casa escura


E aberta, uma varanda para o Mundo.




Existe a noite


O riso e a voz refeita à luz do dia


A festa da Senhora da Agonia


E o cansaço do corpo que adormece em cama fria.




Existe um rio


A sina de quem nasce fraco ou forte


O risco, a raiva, a luta de quem cai ou que resiste


Que vence ou adormece antes da morte.



No teu poema


Existe o grito e o eco da metralha


A dor que sei de cor mas não recito


E os sonos inquietos de quem falha.



No teu poema


Existe um cantochão alentejano


A rua e o pregão de uma varina


E um barco assoprado a todo o pano.



Existe a noite


O canto em vozes juntas, vozes certas


Canção de uma só letra e um só destino a embarcar


O cais da nova nau das descobertas


Existe um rio


A sina de quem nasce fraco, ou forte


O risco, a raiva e a luta de quem cai ou que resiste


Que vence ou adormece antes da morte.




No teu poema


Existe a esperança acesa atrás do muro


Existe tudo mais que ainda me escapa

E um verso em branco à espera... do futuro.
Carlos do Carmo

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Foi hoje há muito tempo!




Há momentos suados que nos aglutinam à vida


Trazem-nos de volta aquele cheiro a terra molhada...


húmida, vinda do nada!


devolvem-nos uma revolta inconstante


De caminhos esquecidos, ou talvez não!




Andamos de sonhos vestidos...


com marcas que nos despem os pensamentos


roubamos palavras que não nos pertencem


estaremos certos ou errados?


vamos em estradas ou nada... a caminho de um "Se"!




Diz-me mundo


Qual a rota?


Qual a meta?




De que palavras precisa o tempo!


Que planície lavrada de vento?




Quem desvenda os segredos das palavras escondidas?


Buscando o tempero de todos os medos!




Muitos passáros voaram já neste espaço,


tantos segundos pararam já neste tempo!


De silêncio suspenso... incolor!


Um tempo oco, frio...


rasgado pelo vento!!




Explicação deste tormento?


Da procura da razão!


Em palavras repetidas


tantas vezes esquecidas...


nesse tudo por dizer




A vida rouba-nos as páginas


tantos livros se confundem


tantas letras desvanecem...


em versos inacabados


quantas vezes começados!


Que no fundo são poesia!!!




os sonhos cruzam-se nas ruas


sem fim, sem passagem!


desenham cores


que perfuram memórias


Nas gavetas do coração!




Respostas por encontrar


trilhos por cruzar


algures colocados


na página branca...


à espera por começar...

domingo, 3 de maio de 2009


Por vezes...

Passa por nós um silêncio morto,

que nos leva para aquela música surda...

ilumina a luz que se apagou,

circulamos num círculo sem fim,

bebemos de uma sede que não cansa,

de um verde sem esperança

e achamos que é porque sim!!!

não!!!!

corre, vira, rasga

mas sobe, sorrindo aquele penhasco!

sem procurar vais afundar

o mar morto em ti...

num encore tantas vezes repetido...

... sempre

sexta-feira, 24 de abril de 2009


Vagueando lá longe

trabalho num sonho

de calor arrepiante

que reune pedaços que fui

mordazes que me condensam

descubro, porém... para lá da névoa

restícios perdidos

de circunstâncias extraordinárias

que constróiem a minha história

a louvor e glória pintada

com ardor e mágoa vencida

... ... ... ...

sinto-a a conta gotas

transpiro-lhe o sabor!

alcanço o odor da plenitude...

descobrindo, por fim
a alquimia!

só o incompleto pode ser romântico

apenas o inacabado pode ser perfeito!

tão somente a dor transpõe a calma...

para lá da montanha escorre a planície da vida...

terça-feira, 14 de abril de 2009


assustam-me os centímetros


a pressa dos minutos


revoltam-me os cálculos


ásperos, substimados


com iguais esquadros


da vida, já, fragilizados


porque é a vida medida


e não desmedida?


porque a alma não se conta


o vento não pesa


o palpitar não se mede!


só cresce quando espontâneo


doce e agressivo


que apimenta a alma...


a coragem se descobre


numa vida encoberta


pretensioso o desejo de subjectividade?


ordenar metódicamente sonhos!


na procura de diferentes raios de sol


as nuvens são vastas... muito vastas


não quero os sons ecléticos do quotidiano


quero o incessante sabor do mundano...


em infinita aprendizagem


buscar a medida de todas as coisas!

domingo, 12 de abril de 2009

É este o país que temos


Aqui vai mais uma mensagem, que alguns chamarão de seca, outros lerão apenas três linhas, por descargo de consciência, ou outros convencer-se-ão que voltam mais tarde, quando tiverem cabeça para tomar atenção...

Aqui está um espelho nosso, meu, teu, amigos, vizinhos, primos, tios... da minha sociedade, do meu país, retratada por alguém que merece toda a minha admiração e respeito...
depois de perdermos 10 minutos a ecutá-lo, não lhe conseguimos dar razão?


Eduardo Prado Coelho, (25/08/2007) (pouco antes da sua morte)


Precisa-se de matéria prima para construir um País

Eduardo Prado Coelho - in Público


A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro.Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos. Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.Pertenço a um país:- Onde a falta de pontualidade é um hábito;- Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.- Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos.- Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.- Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é 'muito chato ter que ler') e não há consciência nem memória política,histórica nem económica.- Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.- Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.- Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.- Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.- Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.Não. Não. Não. Já basta.Como 'matéria-prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTICE PORTUGUESA' congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte...Fico triste.Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.E não poderá fazer nada...Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.Qual é a alternativa?Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror?Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para oslados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados... igualmente abusados!É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos:Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, somos tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.
EDUARDO PRADO COELHO

quinta-feira, 9 de abril de 2009


A vida emociona-me

Os seres andantes destroem-me

Sons fragilizados

Ventos estagnados

Inundam o Reino outrora meu

Odeio injustiças mas cometo-as!

Recrimino fingimentos, mas conheço-os

Fingindo, caminhando... a minha única certeza

intemporal... a vida trespassa-me

Escrevo cada vez com mais sentido

Grito em silêncio com mais revolta

Atraido pelo fascínio da noite

Porque o dia é escuro

Existe coragem ao longo do medo

Continuando sem olhar para trás...

A verdade será sempre o meu maior segredo!


domingo, 5 de abril de 2009


Um espelho de mil faces mostra-te o caminho

vislumbras as nuvens negras, pesadas!

corres, porque é uma antiga vontade

mentira com verdade imposta, perdida.

na sombra de alguém que se recorta

Sem fôlego, tentas alcançar aquele comboio

com um bilhete há muito pré-comprado!

Será teu?

e fica a prometer-te a ilusão de uma viagem...

que tu não querias

imposta pelo vazio cheio na tua mão!


Não corras! Deixa-o partir...

respira fundo... não alcances aquela carruagem

trilhada em linhas podres, inseguras

guiada por caminhos incertos...

de braço dado com a noite indiferente

repleta de imagens de nada!


Partiu, ficaste na encruzilhada!

num lugar sem onde...

descobres que aquela não era tua, a carruagem

sorrindo, deixaste-a passar o negro tunel!


Quando, por sorte não a consegues avistar...

corre sim... aflito

não te esfumes no teu sonho!

porque o sol não te vai castigar

a tua nova carruagem está a passar


Respira agora o aroma do coração

pega uma carruagem tua, de segunda mão

Porque o mundo ainda pulsa!

quer queiras quer não...

ainda há linhas de aço, a chegar

à tua estação!


Regressa ao vento, sente a aragem

desde do abismo

entranha o sangue da terra...

vai na tua viagem, alcança

a sede mais antiga!

Impõe-te na tua paragem!

Quantas faces temos nós afinal?

Ora essa, isso nem se pergunta...

Poeira nos olhos... que ilumina,

ainda que de forma transversal,

a nossa essência...


será mordaz ouvir a nossa consciência?

Será demente ter coerência...

A minha voz é áspera quando tento ser eu!


Tudo isso são invenções? São? Ou não?

As estradas sem saída são longas, dentro delas,

atingiram o seu fim... mas continuam

no mapa... na rota... na estrada... camufladas!

Não demonstras o percurso...

mas sabê-lo tão bem...

Não traças o final, já bem o conhecias!

Não suguemos o suco da vitória...

não fínjamos que nossa alma é só glória...


Quantas faces temos eu e tu, afinal?

Que parte de nós deve ser original?

Não é aqui! Fica a quilómetros daí!

Sou o que sou ou o que tenho de ser?

Dou o que dou ou o que tenho de dar?


Encaixas as peças do puzzle

que não fazem, assim, sentido

Faz falta o poder de libertar!


Aclamam em mim cânticos de dor

Numa noite fechada com relâmpagos de sonhos

Porque a verdade tinha muito mais sabor!


Quantas faces temos nós, afinal?

quarta-feira, 1 de abril de 2009


O outro lado das coisas…


As palavras são fundantes?

Também desagregam


O amor cega?

Também revela


O ódio destrói?

Também liberta


A dúvida paralisa?

Também inspira


A coragem é altruísta?

Também é soberba


O medo atrapalha?

Também protege


A vida é tragédia?

Também é gloriosa


A morte é o termo?

Também é o recomeço!


João Melo

quinta-feira, 26 de março de 2009


Que le temps


Que le temps me délivre des mots et puis des sorts

Que le temps me libère de ton image encore

Qu'il m'apprenne au-delà, qu'il m'apprenne demain

Qu'il m'apprenne à aimer, sans plus jamais d'chagrin


Que le temps me laisse vivre ma vie mais sans remords

Que le temps me laisse ivre et boire jusqu'à l'aurore

Qu'il m'apprenne à survivre, en oubliant ta voix

Et puis jour après jour, qu'il m'apprenne sans toi


Et si le temps m'entend

Qu'il te fasse revenir
Juste pour un instant

Un poème
Et si le temps m'entend

Qu'il sache te retenir
Juste pour un moment

Un "je t'aime"


Que le temps s'accélère même s'il me laisse livide

Que le temps exagère à m'en coller des rides

Jusqu'aux coins des paupières, qu'il fasse bien ce qu'il veut

Pour gagner toutes les guerres de mon coeur miséreux


Et si le temps m'entend

Qu'il te fasse revenir
Juste pour un instant

Un poème
Et si le temps m'entend

Qu'il sache te retenir
Juste pour un moment

Un "je t'aime"

Garou

terça-feira, 24 de março de 2009


Sinto ventos quietos

Em que o céu é madrugada

Procuro "des-ser-me"

Quero ser mais vertical

Mas não domino

Aquele lugar mágico dentro de mim

Para lá da noite, para lá do sonho, para lá do fim

Pode ser manhã ou madrugada

Mas passa o chilrear dos passarinhos...

Era já noite mas eu corria

Felizmente corro pela noite dentro

Com um troféu na minha mão

Porque o momento é a inspiração

domingo, 22 de março de 2009




Sou um evadido.

Logo que nasci

Fecharam-me em mim,

Ah, mas eu fugi.


Se a gente se cansa

Do mesmo lugar,

Do mesmo ser

Por que não se cansar?


Minha alma procura-me

Mas eu ando a monte,

Oxalá que ela

Nunca me encontre.


Ser um é cadeia,

Ser eu é não ser.

Viverei fugindo

Mas vivo a valer.

Fernando Pessoa

Vivemos na ânsia de materialismos, compromissos, aparências, e esquecemos, muitas vezes, do essencial da vida, pensamos em tudo ao promenor, que é nada. Certo é que, por vezes, a cegueira é um ganho, evitando sorrisos deformados, palavras ocas e desprovidas de "oxigénio"!


Contudo, não será a primordial razão da vida o próprio auto-conhecimento? A real, constante, incessante busca do que de melhor podemos ser? Do que nos invade, daquilo que nos preenche? Quantas vezes, pensamos no caminho que levamos, sem que nada façamos para o embelezar? Há flores nos nossos jardins? Com que frequência dele cuidamos? Quanto tempo lhe despendemos? Não há tempo?! não??!


A vida dever ser bebida ou puramente respirada? A luz deve ser pura ou ofuscada?


Pisemos um chão de estrelas... Porque a vida é pequenina e pede gotas de celebração...


Antes de impludir-te procura encaminhação...





quarta-feira, 18 de março de 2009


Há ventos que empurram

Memórias estranhas que escorrem

Epálages que confundem

por paredes bolorentas que brotam

luzes que ofuscaram... pararam!

desfolho páginas da vida na esperança

de respostas que não estão contempladas

realidades que pesam nos ombros

tão leves!

podiamos saber um pouco mais da vida

talvez não precisássemos de viver tanto!

mas seria isso viver...

Descobrir que não sabemos nada

que queremos tanto

são longas as linhas da ilusão...

Busquemos as folhas caídas!


Não percamos o que os ventos não conseguiram levar...





segunda-feira, 16 de março de 2009


Duas árvores plantadas, uma aqui outra além

Ouvem falar os pássaros que calam no meu peito

Usam o desgosto... o vazio

Num mar de sal de leito

Palvras mocas, sentidas, roucas

Incendiando a minha vida

Tacteando a despedida!

domingo, 15 de março de 2009

Pode alguém ser quem não é?




Há dias assim, em que o peito roi,


andas sobre as ondas, moves montanhas e continuas a ser quem não és...


Não é quase Inverno nem quase Verão.. às vezes o problema está na pontaria, está na cobardia...


A vida é uma criança que chora... séria demais para uma criança... linda, rosada de trança...


Ainda que as suas dádivas sejam eternas... não são minhas...


Nada do que é parece... e isso entristece!


Vou criando pensamentos, aos pedaços, que desvanecem, como espelhos partidos, cada um deles enfileirado, cuidadosamente dobrado, cada pedaço é um mundo que se parte e reparte, constantemente... como quem parte um baralho de cartas, uma maçã em quatro pedaços.


Os tic-tacs, esses, que nos obrigam a mudar de assuntos, porque não esperam, mas desesperam... parados nas montras, nas baixas de ecos frios e nos obrigam a esquecer todas as ausências...


Mas a hora H chegará... e depois, quando o céu mudar a variação da alma...


Sentes...

o vento enfim parou... já mal o vejo!!






quinta-feira, 12 de março de 2009


O amor é o amor. E depois?

Apresento a todos os interessados uma fantástica mas dura análise de Miguel Esteves Cardoso.

Uma bela reflexão acerca de um sentimento que deveria ser tão nobre, tão doce e tão puro…

Porque, ainda assim, amar vale a pena…

Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro.

Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade.

Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje, as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia, as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em “diálogo”. O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem.

A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam “praticamente” apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.

Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do “tá bem, tudo bem”, tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso “dá lá um jeitinho sentimental”. Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.

Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor.

A “vidinha” é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser.

O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra.
A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.”

Miguel Esteves Cardoso

terça-feira, 10 de março de 2009

Subimos escadas,

percorremos etapas...

criamos objectivos!


Construimos um puzzle...


um puzzle com peças soltas,


ocas, insípidas...


forçamos peças incoerentes


que não transmitem união naquele mundo


aquele mundo que deveria ser cheio de harmonia


aquela harmonia que deveria transmitir magia


forçamos a peça... queremos aquela peça...


levamos eternidades para descobrir que não cabe ali


aquela peça pertence a outro mundo

tem outro rumo

julgávamos ser nossa


voltamos, ao saco das mil peças


acreditamos que ela está lá


num saco pleno de cores


transbordando sabores...


busca incessante...


Aquela peça


A peça

Que julgamos ser a que vida nos deu

embora trocada, roubada

Que encontramos quando a luz se apaga das janelas

A peça da nossa peça

que não tem fim nem começa

A peça é agua a correr

É chama a nascer...

É vontade

É bem querer

É magia... é renascer!

domingo, 8 de março de 2009

Sonho

«... A essência da vida é um tesouro escondido...
dentro do baú de todas as perguntas que ao perguntares nunca conseguiste responder...»

Pedro Barão Campos



O espelho molda a minha face...


Carrego, nas costas, o peso de alguns fardos que não julgava meus


Os meus sonhos, esses, são capelas de devoção


Que me fazem sentir o vento nas faces


Que me dão sede e fome


Que me mostram aquela linha fina


Que transpõe o horizonte...


sábado, 7 de março de 2009

Não posso


Não posso adiar o amor para outro século
Não posso!
Ainda que o grito sufoque na garganta
Ainda que o ódio estale e crepite e arda sob as montanhas cinzentas e montanhas cinzentas
Não posso adiar este braço que é uma arma de dois gumes amor e ódio
Não posso adiar ainda que a noite pese séculos sobre as costas e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida nem o meu amor nem o meu grito de libertação Não posso adiar o coração.

António Ramos Rosa

quinta-feira, 5 de março de 2009


Hoje acordei disposta a ser feliz, descobrir que existe um horizonte, lá longe, parei para ouvir...

Parar de me importar tanto com a dor e de me importar com as pessoas que não se importam comigo, vou sorrir ao espelho, é ele o meu maior anseio.

Vou dar mais valor aos meus amigos, marcos da minha viagem.

Vou cantar a vida de todas as formas possíveis e com pessoas que saibam a letra e tenham medolia.

Ensinarei os acordes àqueles que colocam os problemas a frente da felicidade e não deixarei que nada seja mais importante do que a minha voz.

Vou cantar tão bem.

Ensinar saudade, a quem chega tarde.

Ganhar auto-estima e auto-confiança na minha música, para me escutar a mim mesma.

Não quero muito.

Só quro cantar comigo mesma.

Aproveitar cada nota da vida.

Por que ser feliz é saber música na vida e no tempo.

É querer fazer tudo para cantar tão bem e ficar feliz por não ter conseguido mas ter tentado.

É dar acordes ao mundo.

A gitarra não chora, grita de euforia!

Sei que isso leva tempo, mas não vou ter pressa porque o próprio tempo não tem pressa.

Só de pensar assim já me sinto melhor.

Sair da cama a saltar de alegria sem pensar na sabedoria e que eu sou minha melhor medolia....

terça-feira, 3 de março de 2009

Aquela mala...

Assim que nascemos, ainda nem chorámos, é-nos atribuída uma mala…pessoal e intransmissível… constituída por nós… onde depositamos tudo.
Sem nos apercebermos, vamos construindo uma mala, por vezes, desprovida do que é verdadeiramente relevante.
Ao longo do caminho, vamos nela depositando artefactos sem verdadeira importância!
Cedo, contemplamos a nossa bagagem com coisas desnecessárias, mas nem vemos…
Acreditamos que todos os nossos conteúdos têm valor, cremos nunca poder prescindir deles, consideramo-los fundamentais para o nosso desempenho enquanto seres humanos, depositando-os, sempre, no interior da nossa mala.
Levamos a vida carregados, sufocados, atribulados, escravizados com o peso, por vezes, intolerável daquela a que chamamos nossa, a nossa preciosa mala…
Certo dia, não contentes com a vida, pelas mais variadas razões, resolvemos partir para uma viagem… novos horizontes se avizinham, novas aventuras nos esperam… segredos por desvendar, lutas para travar!
E é aí, nesse instante, ao tentar transportar a nossa infinita e pesada mala, que nos apercebemos de quão pesada e dolorosa ela se tornou…
Parados, em frente ao comboio, não conseguimos erguê-la, para connosco a poder transportar…
Olhamos em redor, calmamente e pensamos…
Restam-nos duas hipóteses… pedir auxílio a alguém que nos ajude a colocar a mala no comboio, ou nós mesmos vermos o que podemos dela suprimir.
Como a primeira situação não é, de todo, viável, porque temos de ser autónomos, e temos de fazer as coisas por nós próprios, até porque pode nem estar a passar ninguém que possa ajudar naquela hora, resta-nos abrir a mala a fim de tentar eliminar aquilo que mais nos carrega e que podemos abandonar!
É então que deitamos fora a raiva, o ódio, a mentira, a intolerância, o rancor, a tristeza…
Enfim, tudo aquilo que transportávamos sem razão, mas nunca conseguíamos discernir!
Aí, olhamos para o fundo da nossa mala e vemos um lindo sorriso, e percebemos o que nos faz verdadeiramente falta para que possamos entrar numa nova e tão desejada viagem…
Determinados, entramos no comboio, com vontade de partir, sem fim, numa nova, bela e leve viagem…
Sem medo de tudo aquilo que deixámos para trás!
É hora!
Boa viagem :)

segunda-feira, 2 de março de 2009

A luz do... sonho

"Já não quero, já não sonho…
Deambulo pelos abismos loucos da fantasia…
Perdida em tanto redor…
Pensando desfruto… sucumbiu?
Findou tudo em mim!?
Sonhos!
Não vos quero … não!!
Negros, que me embalam...
Porque teimam em bater!?
Perdidos, correm os raios da minha luz?!
Ela, ao contrário de vós, não me vislumbra
Quem sois?
De onde vindes?
Inspiração que me acalma…
Afoga a alma…
Exalta e incendeia!
Me emaranha na sua teia

Volta sonho meu… real e obscuro
Mergulhar, na tua fantasia!
A mesma que sempre me guia
Traz-me de volta!
Deixa-me ser quem era…
Passavas por mim e não te via…
triste luz de uma quimera
Borbulhando em nuvens de algodão doce e feliz
Solta-te realidade!!!"

domingo, 1 de março de 2009


«Vem por aqui» -dizem-me alguns com olhos doces,

Estendendo-me os braços, e seguros

De que seria bom que eu os ouvisse

Quando me dizem: «vem por aqui!»

Eu olho-os com olhos lassos,

(Há, nos meus olhos, ironia e cansaços)

E cruzo os braços,

E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:

Criar desumanidade!

Não acompanhar ninguém.

-Que eu vivo com o mesmo sem-vontade

Com que rasguei o ventre a minha mãe.

Não, não vou por aí!

Só vou por onde

Me levam meus próprios passos...

Se, ao que busco saber, nenhum de vos responde,

Porque me repetis: «vem por aqui?»

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,

Redemoinhar aos ventos,

Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,

A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi

Só para desflorar florestas virgens,

E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!

O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós

Que me dareis impulsos, ferramentas, e coragem

Para eu derrubar os meus obstáculos?...

Corre, nas nossas veias, sangue velho dos avós,

E vós amais o que é fácil!

Eu amo o Longe e a Miragem,

Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide!

Tendes estradas,

Tendes jardins, tendes canteiros,

Tendes pátrias, tendes tectos,

E tendes regras, e tratadores, e filósofos, e sábios.

Eu amo a minha loucura!

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,

E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.

Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;

Mas eu, que nunca principio nem acabo,

Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me de piedosas intenções!

Ninguém me peça definições!

Ninguém me diga: «vem por aqui»!

A minha vida é um vendaval que se soltou.

É uma onda que se levantou.

É um átomo a mais que se animou...

Não sei por onde vou,

Não sei para onde vou,

Sei que não vou por ai...



José Régio, Cântico Negro
Quem tu és não importa, nem conheces
O sonho em que nasceu a tua face:
Cristal vazio e mudo.
Do sangue de Quixote te alimentas,
Da alma que nele morre é que recebes
A força de seres tudo.

José Saramago
Se podes olhar vê! Se podes ver, repara...


As pessoas sensíveis não são capazes

De matar galinhas

Porém são capazes

De comer galinhas



O dinheiro cheira a pobre e cheira

À roupa do seu corpo

Aquela roupa

Que depois da chuva secou sobre o corpo

Porque não tinham outra

O dinheiro cheira a pobre e cheira

À roupa

Que depois do suor não foi lavada

Porque não tinham outra



"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"

Assim nos foi imposto

E não:

"Com o suor dos outros ganharás o pão".



Ó vendilhões do templo

Ó construtores

Das grandes estátuas balofas e pesadas

Ó cheios de devoção e de proveito



Perdoai-lhes Senhor

Porque eles sabem o que fazem.


Sophia de Mello Breyner Andresen
Menina dos olhos tristes
O que canta faz chorar!

O vazio é mutável...
Brilham fendas
Nessa porta
Oh

Fixar o teu querer ...
Arrastar, continuar!

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Mas...! O eterno mas...

Que nos impede de tantos caminhos...
Que nau nos permitirá semelhante viagem?
Que espaço comportaria semelhante bagagem?
Que vento impediria tamanho nafrágio?
Que percurso acompanharia semelhantes sonhos?

Que desassossegos na mala teria...
In media res contados...
Que velho do Restelo nos impede?

Como pôr a nau a navegar?

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Pátio

De onde vens tu, como te vi: pássaro livre
que pousa por instantes, que procuras
uma nuvem no céu alto,
desvaneces entre varandas e estendais mundanos.



Depois de tanto querer e tanto desejar... tanto sonhar, tanto ganhar e perder, há realidades que nos marcam, vínculos que nos queimam... precisamos ter o discernimento de conseguir aceitar, para, dessa forma, conseguir voltar a sonhar...




Depois de algum tempo, aprendemos a diferença, a subtil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.


Aprendemos que amar não significa apoiarmo-nos, e que companhia nem sempre significa segurança. Começamos a perceber que beijos não são contratos e presentes não são, de todo, promessas.


Precisamos aceitar as nossas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.


Aprendemos a construir todas as nossas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para planos, e o futuro tem o costume de cair meio em vão.


Depois de um tempo... começamos a sentir que o sol queima se ficarmos expostos por muito tempo.


E aprendemos que não importa o quanto nos importamos, algumas pessoas simplesmente não se importam...


E aceitamos que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai ferir-nos de vez em quando e precisamos saber perdoá-la por isso.


Aprendemos que falar pode aliviar dores emocionais.


Descobrimos que se levam anos para construir confiança e apenas segundos para destrui-la, e que podemos fazer coisas num instante, das quais nos arrependeremos pelo resto da vida. Aprendemos que verdadeiras amizades e amor continuam a crescer mesmo a longas distâncias.


E o que importa não é o que temos na vida, mas quem temos da vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher...


Aprendemos que não temos de mudar de amigos se compreendermos que os amigos mudam, percebemos que o nosso melhor amigo somos!


Podemos fazer qualquer coisa, ou nada, e termos bons momentos, basta querer!


Descobrimos que as pessoas com quem mais nos importamos na vida nos são tiradas muito depressa!!!


Por isso, devemos sempre deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos.


Aprendemos que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.


Começamos a aprender que não nos devemos comparar com os outros, mas com o melhor que podemos ser.


Descobrimos que levamos muito tempo para nos tornarmos na pessoa que queremos ser, e que o tempo é curto.


Aprendemos que não importa onde já chegámos, mas onde vamos indo, e se não sabemos para onde vamos indo, qualquer lugar serve.


Aprendemos que, ou controlamos os nossos actos ou eles nos controlarão a nós.


... e q ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.


Aprendemos que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências.


Aprendemos que paciência requer muita prática.


Descobrimos que, algumas vezes, a pessoa que esperamos que nos chute quando caimos, é uma das poucas que nos ajuda a levantar.


Aprendemos que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que tivemos e o que aprendemos com elas, do que com quantos aniversários celebrámos.


Aprendemos que há mais dos nossos pais em nós do que imaginámos.


Aprendemos que nunca devemos dizer a uma crianca que sonhos são erros, poucas coisas são tão humilhantes... seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.


Aprendemos que, quando estamos com raiva, temos o direito de estar com raiva, mas isso não nos dá o direito de sermos cruéis.


Descobrimos que só porque alguém não nos ama como queremos que ame, não significa que esse alguém não nos ame com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente nao sabem como demonstrar ou viver isso.


Aprendemos que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes temos de aprender a perdoar-nos a nós mesmos.


Aprendemos que, com a mesma severidade com que julgamos, seremos, em algum momento, condenados.


Aprendemos que não importa em quantos pedaços o nosso coração foi partido, o mundo náo pára para que o consertemos.


Aprendemos que o tempo não é algo que possa voltar para trás.


Portanto, plantemos os nossos jardins e decoremos as nossas almas, ao invés de esperar que alguém nos traga flores.


E aprendemos que realmente podemos suportar... que realmente somos fortes, e que podemos ir muito mais longe depois de pensarmos que não podemos mais.


E que realmente a vida tem valor e que temos valor diante da vida!




Adaptado e modificado, Texto original : William Sheakspeare