terça-feira, 26 de maio de 2009


Quero ser como Zeus

Que não morre a olhar para Nera

Quero ser uma flor renascente na Primavera

Anseio pela viragem do azul do mar

Reflectida no poente que teima em chegar


Quero ser Adónis... sorrindo loucamente

Dinamene de Camões...

dançando sem ilusões

... livremente cativa


Trovador de amor em seu cantado

A fonte descalça do desesperado

A garota de Vínicios

sem saber seus doces vícios
Infinito de chacais e feras à solta
Para na vitória o tempo ser nascente
de um bulor antigo
Tantas vezes renascido...
Quero ser...

Momentos há de dor apertada...

a lágrima a insistir em cair... fugitiva... evasiva... sem ter pra onde ir.

Mas, por cada momento, o passado falece por cada dia que nasce.

De cada etapa conquistada...

De cada batalha travada

Depois de cada esplêndido pôr de Sol,

Como posso não pensar nesse sabor...

deslumbro-me com o seu nascer...

e sinto-me num constante renascimento

e surto como a Esfinge por cada ai de morte e de vida.


Não me contento com a despedida

Pois cantando embarco nas palavras

Enroladas em barcos de papel


Não há cores tingidas...

são sim diluidas, tornando-se mais belas

Na ternura de um olhar que já esqueci!

Com in/certezas daqueles sonhos que eu abri...


Das minhas janelas escorre o meu pensamento

levando com o vento... tamanho tormento

Tudo se agita numa selvagem aragem

abrindo-me portas para uma nova viagem...


"Por vezes sentimos que aquilo

que fazemos não é um senão uma

gota de água no mar.

Mas o mar seria menor

se lhe faltasse uma gota"...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A todos os meus cnoenses


surreal é um sorriso

imortal um gesto

inesquecivel uma meiga palavra...

em sussuro!

consegui num instante aprender isso tudo

sem parar o tempo

sem esconder a alma

sem calar a calma

Porque a vida não encolhe

o jeito não se escolhe

e há cores a saltitar

Que me fizeram em silêncio cantar

e aqueles instantes

Imortalizar...


Obrigada :)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Pois... pré-crise dos 30 :)


Juventude segundo Nuno Markl
Em conversa com o irmão mais novo de um amigo, cheguei a uma tristeconclusão.

A juventude de hoje, na faixa que vai até aos 20 anos, está perdida.

E está perdida porque não conhece os grandes valores queorientaram os que hoje rondam os trinta.

O grande choque, entre outros nessa conversa, foi quando lhe falei no Tom Sawyer.

"Quem? " , perguntou ele.

Quem?!

Ele não sabe quem é o Tom Sawyer!

Meu Deus...

Como é que ele consegue viver com ele mesmo?

A própria música:

" Tu que andas sempre descalço, Tom Sawyer, junto aorio a passear, Tom Sawyer, mil amigos deixarás, aqui e além... " era para elecomo o hino senegalês cantado em mandarim.

Claro que depois dessa surpresa, ocorreu-me que provavelmente ele não conhece outros ícones da juventudede outrora.
O D'Artacão, esse herói canídeo, que estava apaixonado por uma caniche;

Sebastien et le Soleil, combatendo os terríveis Olmecs;

Galáctica, que acalentava os sonhos dos jovens, com as suas naves triangulares;

O Automan, com o seu Lamborghini que dava curvas a noventa graus;

O mítico Homem da Atlântida, com o Patrick Duffy e as suas membranas no Meio dos dedos;

A Super-Mulher, heroína que nos prendia à televisão só para a ver mudar De roupa (era às voltas, lembram-se?);

O Barco do Amor, que apesar de agora reposto na Sic Radical, não é a Mesma coisa.

Naquela altura era actual ...

E para acabar a lista, a mais clássica de todas as séries, e que marcou

Mais gente numa só geração:

O Verão Azul.
Ora bem, quem não conhece o Verão Azul merece morrer.

Quem não chorou com a morte do velho Shanquete, não merece o ar que respira.

Quem, meu Deus, não sabe assobiar a música do genérico, não anda cá a fazer nada.

Depois há toda uma série de situações pelas quais estes jovens nãopassaram, o que os torna fracos.

Ele nunca subiu a uma árvore!

E pior, nunca caiu de uma.
É um mole.

Ele não viveu a sua infância a sonhar que um dia ia ser duplo de cinema.

Ele não se transformava num super-herói quando brincava com os amigos.
Ele não fazia guerras de cartuchos, com os canudos que roubávamos nas

Obras e que depois personalizavamos.

Aliás, para ele é inconcebível que se vá A uma obra.

Ele nunca roubou chocolates no Pingo-Doce.

O Bate-pé para ele

É marcar o ritmo de uma canção.

Confesso, senti-me velho...
Esta juventude de hoje está a crescer à frente de um computador.

Tudo bem, por mim estão na boa, mas é que se houver uma situação de perigo real, em que tenham de fugir de algum sítio ou de alguma catástrofe, eles vãoficar à toa, à procura do comando da Playstation e a gritar pela Lara Croft.

Óbvio, nunca caíram quando eram mais novos.

Nunca fizeram feridas, nunca andaram a fazer corridas de bicicleta uns contra os outros.

Hoje, se um miúdo cai, está pelo menos dois dias no hospital, a levar pontos e a fazer exames a possíveis infecções, e depois está dois meses em casa a fazer tratamento a uma doença que lhe descobriram por ter caído.

Doenças com nomes tipo "Moleculum infanticus" , que não existiam antigamente.

No meu tempo, se um gajo dava um malho (muitas vezes chamado de "terno") nem via se havia sangue, e se houvesse, não era nada que um bocado de terra espalhada por cima não estancasse.
Eu hoje já nem vejo as mães virem à rua buscar os putos pelas orelhas, porque eles estavam a jogar à bola com os ténis novos.

Um gajo na altura aprendia a viver com o perigo.

Havia uma hipótese real de se entrar na droga, de se engravidar uma miúda com 14 anos, de apanharmos tétano num prego enferrujado, de se ser raptado quando se apanhava boleia para ir para a praia.

E sabíamos viver com isso.
Não estamos cá?

Não somos até a geração que possivelmente atinge Objectivos maiores com menos idade?

E ainda nos chamavam geração "rasca"...

Nós éramos mais a geração "à rasca", isso sim.

Sempre à rasca de dinheiro, sempre à rasca para passar de ano, sempre à rasca para entrar na universidade, sempre à rasca a ver se a namorada estava grávida, sempre à rasca para tirar a carta, para o pai emprestar o carro.

Agora não falta nada aos putos.

Eu, para ter um mísero Spectrum 48K,

Tive que pedir à família toda para se juntar e para servir de prenda de anos

E Natal, tudo junto.

Hoje, ele é Playstation, PC, telemóvel, portátil,Gameboy, tudo.

Claro, pede-se a um chavalo de 14 anos para dar uma volta de bicicleta e

Ele pergunta onde é que se mete a moeda, ou quantos bytes de RAM tem aquela versão da bicicleta.

Com tanta protecção que se quis dar à juventude de hoje, só se conseguiu que 8 em cada dez putos sejam cromos.

Antes, só havia um cromo por turma.

Era o totó de óculos, que levava porrada de todos, que não podia jogar à bola e que não tinha namoradas.

É certo que depoisveio a ser líder de algum partido, ou gerente de alguma empresa de computadores, mas não curtiu nada.

Hoje, se um puto é normal, ou seja, não tem óculos, nem aparelho nos dentes, as miúdas andam atrás dele, anda de bicicleta efica na rua até às dez da noite, os outros são proibidos de se dar com ele...

quinta-feira, 7 de maio de 2009




No teu poema


Existe um verso em branco e sem medida


Um corpo que respira, um céu aberto


Janela debruçada para a vida.




No teu poema


Existe a dor calada lá no fundo


O passo da coragem em casa escura


E aberta, uma varanda para o Mundo.




Existe a noite


O riso e a voz refeita à luz do dia


A festa da Senhora da Agonia


E o cansaço do corpo que adormece em cama fria.




Existe um rio


A sina de quem nasce fraco ou forte


O risco, a raiva, a luta de quem cai ou que resiste


Que vence ou adormece antes da morte.



No teu poema


Existe o grito e o eco da metralha


A dor que sei de cor mas não recito


E os sonos inquietos de quem falha.



No teu poema


Existe um cantochão alentejano


A rua e o pregão de uma varina


E um barco assoprado a todo o pano.



Existe a noite


O canto em vozes juntas, vozes certas


Canção de uma só letra e um só destino a embarcar


O cais da nova nau das descobertas


Existe um rio


A sina de quem nasce fraco, ou forte


O risco, a raiva e a luta de quem cai ou que resiste


Que vence ou adormece antes da morte.




No teu poema


Existe a esperança acesa atrás do muro


Existe tudo mais que ainda me escapa

E um verso em branco à espera... do futuro.
Carlos do Carmo

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Foi hoje há muito tempo!




Há momentos suados que nos aglutinam à vida


Trazem-nos de volta aquele cheiro a terra molhada...


húmida, vinda do nada!


devolvem-nos uma revolta inconstante


De caminhos esquecidos, ou talvez não!




Andamos de sonhos vestidos...


com marcas que nos despem os pensamentos


roubamos palavras que não nos pertencem


estaremos certos ou errados?


vamos em estradas ou nada... a caminho de um "Se"!




Diz-me mundo


Qual a rota?


Qual a meta?




De que palavras precisa o tempo!


Que planície lavrada de vento?




Quem desvenda os segredos das palavras escondidas?


Buscando o tempero de todos os medos!




Muitos passáros voaram já neste espaço,


tantos segundos pararam já neste tempo!


De silêncio suspenso... incolor!


Um tempo oco, frio...


rasgado pelo vento!!




Explicação deste tormento?


Da procura da razão!


Em palavras repetidas


tantas vezes esquecidas...


nesse tudo por dizer




A vida rouba-nos as páginas


tantos livros se confundem


tantas letras desvanecem...


em versos inacabados


quantas vezes começados!


Que no fundo são poesia!!!




os sonhos cruzam-se nas ruas


sem fim, sem passagem!


desenham cores


que perfuram memórias


Nas gavetas do coração!




Respostas por encontrar


trilhos por cruzar


algures colocados


na página branca...


à espera por começar...

domingo, 3 de maio de 2009


Por vezes...

Passa por nós um silêncio morto,

que nos leva para aquela música surda...

ilumina a luz que se apagou,

circulamos num círculo sem fim,

bebemos de uma sede que não cansa,

de um verde sem esperança

e achamos que é porque sim!!!

não!!!!

corre, vira, rasga

mas sobe, sorrindo aquele penhasco!

sem procurar vais afundar

o mar morto em ti...

num encore tantas vezes repetido...

... sempre