quarta-feira, 24 de junho de 2009


É, muitas vezes, no silêncio da noite, que se escuta a mais bela melodia...

Quando estamos à beira do eclipse e nem as estrelas brilham, de repente, somos guiados por um som... ao longe, que nos oculta o mistério mas alimenta a curiosidade de prosseguir!

As gotas ácidas, que nos transbordam, são-nos impermiáveis e o tempo... o tempo, nesses instantes pára, como se o amanhã não existisse...

Damos por nós a caminhar, em estradas sem bermas, mas que nos acolhem e preenchem o quotidiano...

Deixamos, por isso, de controlar aquilo que chamamos razão e somos impelidos por algo, por muitos, ditos sábios, chamado coração... julgava tratar-se apenas de uma cavidade, mas a verdade... a verdade que não passava de um conjunto de mentiras tornou-se, agora, indefinida, desmedida!

Rasgando fronteiras caminhamos, sem pressa de regressar... a ironia e o destino, só eles saberão, o rumo, o porto, o alvo que esta viagem há-de tomar! Porque a melodia continua....

segunda-feira, 22 de junho de 2009


Havia corredores de dor

Deixados ao fundo da cor

insípida....


Pararam-me as mãos

Num pedaço de esperança

Com a noite no regaço


Por caminhos abandonados

segui feliz errante

Pelo inquieto asfalto!


Os sonhos vestiram-me a alma

o mundo rasgou-me a calma

De falsos delírios banhado...


sobre a luz parou um crivo

havia um cinzento de mel

De um sol que nunca se abriu


Creio que existo e que sou

Estrada banhada de nada

Virando em supostos caminhos


... que me prendem à madrugada!

Em busca da alvorada...


Não é dor, não é tormento...

Nem sequer contentamento!!

É árvore de pensamento...



domingo, 14 de junho de 2009


O silêncio existe para além das palavras

Que alegram a minha alma

Combatem-se e destroem-se e aí...

abrem feridas tantas vezes fechadas

Quando penso, o silêncio existe

muito para além do pensamento

Livre e solto num infímo horizonte

Quando páro de pensar

Há ventos que me voltam a trazer pensamentos

O silêncio volta... volta

a existir nos meus pensamentos...

Intocado e intocável

E é nesta ausência de mim

que se esconde a verdade...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Dizem que o tempo sara todas as feridas

Talvez seja verdade

Há gerras que são vencidas antes da morte

Mas há feridas que parecem não sarar

Sangram, vertem pus, voltam a sangrar,

surpreendem-nos a magoar a alma

quando esta já deveria estar habituada e imune a tanta dor

É certo que, às vezes, essas feridas acalmam,

como as marés que recolhem à água e recuam para o mar alto

Conhecemos aquele céu aberto... tão dificil de alcançar, de nuvens pintado!

Tão longe de tudo o que parece certo... que não pára de voar, antes de morrer

Mas... Existem descobertas de sina que não têm quê nem porquê

E, tal como as marés, regressam, depois, camufladas

revigoradas, pujantes, invadindo, de novo, a praia e fazendo sentir o fulgor da sua presença,

o impeto do seu regresso...

Será caso para dizer: Com que voz? Com que alma? Com que força?

sinto, constante, surdamente,

uma voz perfeita que me inunda em dias de tempestade...

Que dirige um barco assoprado com um vento já gasto!