sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Mas...! O eterno mas...

Que nos impede de tantos caminhos...
Que nau nos permitirá semelhante viagem?
Que espaço comportaria semelhante bagagem?
Que vento impediria tamanho nafrágio?
Que percurso acompanharia semelhantes sonhos?

Que desassossegos na mala teria...
In media res contados...
Que velho do Restelo nos impede?

Como pôr a nau a navegar?

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Pátio

De onde vens tu, como te vi: pássaro livre
que pousa por instantes, que procuras
uma nuvem no céu alto,
desvaneces entre varandas e estendais mundanos.



Depois de tanto querer e tanto desejar... tanto sonhar, tanto ganhar e perder, há realidades que nos marcam, vínculos que nos queimam... precisamos ter o discernimento de conseguir aceitar, para, dessa forma, conseguir voltar a sonhar...




Depois de algum tempo, aprendemos a diferença, a subtil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.


Aprendemos que amar não significa apoiarmo-nos, e que companhia nem sempre significa segurança. Começamos a perceber que beijos não são contratos e presentes não são, de todo, promessas.


Precisamos aceitar as nossas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.


Aprendemos a construir todas as nossas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para planos, e o futuro tem o costume de cair meio em vão.


Depois de um tempo... começamos a sentir que o sol queima se ficarmos expostos por muito tempo.


E aprendemos que não importa o quanto nos importamos, algumas pessoas simplesmente não se importam...


E aceitamos que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai ferir-nos de vez em quando e precisamos saber perdoá-la por isso.


Aprendemos que falar pode aliviar dores emocionais.


Descobrimos que se levam anos para construir confiança e apenas segundos para destrui-la, e que podemos fazer coisas num instante, das quais nos arrependeremos pelo resto da vida. Aprendemos que verdadeiras amizades e amor continuam a crescer mesmo a longas distâncias.


E o que importa não é o que temos na vida, mas quem temos da vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher...


Aprendemos que não temos de mudar de amigos se compreendermos que os amigos mudam, percebemos que o nosso melhor amigo somos!


Podemos fazer qualquer coisa, ou nada, e termos bons momentos, basta querer!


Descobrimos que as pessoas com quem mais nos importamos na vida nos são tiradas muito depressa!!!


Por isso, devemos sempre deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos.


Aprendemos que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.


Começamos a aprender que não nos devemos comparar com os outros, mas com o melhor que podemos ser.


Descobrimos que levamos muito tempo para nos tornarmos na pessoa que queremos ser, e que o tempo é curto.


Aprendemos que não importa onde já chegámos, mas onde vamos indo, e se não sabemos para onde vamos indo, qualquer lugar serve.


Aprendemos que, ou controlamos os nossos actos ou eles nos controlarão a nós.


... e q ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.


Aprendemos que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências.


Aprendemos que paciência requer muita prática.


Descobrimos que, algumas vezes, a pessoa que esperamos que nos chute quando caimos, é uma das poucas que nos ajuda a levantar.


Aprendemos que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que tivemos e o que aprendemos com elas, do que com quantos aniversários celebrámos.


Aprendemos que há mais dos nossos pais em nós do que imaginámos.


Aprendemos que nunca devemos dizer a uma crianca que sonhos são erros, poucas coisas são tão humilhantes... seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.


Aprendemos que, quando estamos com raiva, temos o direito de estar com raiva, mas isso não nos dá o direito de sermos cruéis.


Descobrimos que só porque alguém não nos ama como queremos que ame, não significa que esse alguém não nos ame com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente nao sabem como demonstrar ou viver isso.


Aprendemos que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes temos de aprender a perdoar-nos a nós mesmos.


Aprendemos que, com a mesma severidade com que julgamos, seremos, em algum momento, condenados.


Aprendemos que não importa em quantos pedaços o nosso coração foi partido, o mundo náo pára para que o consertemos.


Aprendemos que o tempo não é algo que possa voltar para trás.


Portanto, plantemos os nossos jardins e decoremos as nossas almas, ao invés de esperar que alguém nos traga flores.


E aprendemos que realmente podemos suportar... que realmente somos fortes, e que podemos ir muito mais longe depois de pensarmos que não podemos mais.


E que realmente a vida tem valor e que temos valor diante da vida!




Adaptado e modificado, Texto original : William Sheakspeare

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Resta apenas...


Há coisas na vida que nos marcam... sangram, deixam feridas que nos sugam, que nos dilaceram, que nos corroem a cada instante... que nos tentam derrubar naqueles dias, aqueles sorrisos que, em nós, julgávamos inactos...

Cabe-nos a a nós, em cada momento, transpor a linha...

Resta-nos...


O Haver

Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura

Essa intimidade perfeita com o silêncio

Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo

- Perdoai-os! porque eles não têm culpa de ter nascido...

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo

Essa mão que tateia antes de ter, esse medo

De ferir tocando, essa forte mão de homem

Cheia de mansidão para com tudo quanto existe.

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos

Essa inércia cada vez maior diante do Infinito

Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível

Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento

Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade

Do tempo, essa lenta decomposição poética

Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.

Resta esse coração queimando como um círio

Numa catedral em ruínas, essa tristeza

Diante do quotidiano; ou essa súbita alegria

Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história.

Resta essa vontade de chorar diante da beleza

Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido

Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa

Piedade de si mesmo e de sua força inútil.

Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado

De pequenos absurdos, essa capacidade

De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil

E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza

De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser

E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa

Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar

De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade

De aceitá-la tal como é, e essa visão

Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante

E desnecessária presciência, e essa memória anterior

De mundos inexistentes, e esse heroísmo

Estático, e essa pequenina luz indecifrável

A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos

De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória

Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade

De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade

Pelo momento a vir, quando, apressada

Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante

Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada...

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto

Esse eterno levantar-se depois de cada queda

Essa busca de equilíbrio no fio da navalha

Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo

Infantil de ter pequenas coragens.

15/04/1962
"Jardim Noturno - Poemas Inéditos"

Vinicius de Morais

"Enquanto não alcances não descances, de nenhum fruto queiras só metade!"


"Os nossos actos são como maçãs em árvores.

As melhores estão no topo.

Por norma, nunca tentamos alcançar as boas, as melhores, porque temos medo de cair e nos magoar.
Preferimos, por isso, alcançar as maçãs podres, que ficam no chão, que não são boas como as do topo, mas são fáceis de se conseguir.

Assim, as maçãs, no topo, pensam que algo está errado com elas, quando, na verdade, não estão erradas... Apenas estão com medo, cansadas, por vezes...

Elas só têm é que esperar um pouco mais para o homem ou mulher certos chegarem, aqueles que são suficientemente valentes para escalar até ao topo da árvore, aqueles que têm as qualidades suficientes para tal proeza."

Por isso parar de sonhar é morrer, parar de acreditar é sobreviver...

Onde fica, depois, o sabor da vida?

Pensamentos livres
A fronteira entre a amizade e o amor...Saboreando a leveza da vida, há coisas que nos mostram a verdade...Coisas que não queremos, por vezes, ver. Reflexos que não queremos, de todo, sentir, sensações que tememos vivenciar...Mas que seria de nós, nesta efémera passagem, sem nobres sentimentos para nos apaziguar, aquela que deverá ser tão nobre, a dita alma...Sendo assim, alguém com nobres palavras, disse um dia...Que...Existe uma fronteira a não ser quebrada entre o amor e a amizade...Tudo isto porquê?Há na pura amizade um prazer a que não podem atingir os que nasceram medíocres.A amizade pode subsistir entre pessoas do mesmo sexo a diferentes, isenta mesmo de toda a materialidade.Uma mulher, entretanto, olha sempre um homem como um homem; e reciprocamente, um homem olha uma mulher como uma mulher; essa ligação não é paixão nem pura amizade: constitui uma classe à parte. O amor nasce, bruscamente, sem outra reflexão, por temperamento, ou por fraqueza: um detalhe de beleza que nos fixa, nos determina. A amizade, pelo contrário, forma-se pouco a pouco, com o tempo, pela prática, por um longo convívio. Quanta inteligência, bondade, dedicação, serviços e obséquios, nos amigos, para fazer, em anos, muito menos do que faz, às vezes, num minuto, um rosto bonito e uma bela mão!O tempo, que fortalece as amizades, enfraquece o amor.Enquanto o amor dura, subsiste por si, e às vezes pelo que parece dever extingui-lo: caprichos, rigores, ausência, ciúme;A amizade, pelo contrário, precisa de alento: morre por falta de cuidados, de confiança, de atenção.É mais comum ver um amor extremo que uma amizade perfeita. O amor e a amizade excluem-se um ao outro.Aquele que teve a experiência de um grande amor descuida a amizade; e quem se esgotou na amizade ainda não fez nada para o amor.O amor começa pelo amor, e só se passaria da mais forte amizade para um amor fraco. Nada se parece mais com uma viva amizade do que essas ligações que o interesse do nosso amor nos faz cultivar.Jean de La Bruyére, in "Os Caracteres"

Algures no infinito...

Ontem, hoje, amanhã e sempre

Rasgos de pensamentos apresentados de uma forma minimalista, tentando mostrar a nobre e complexa condição humana...Pensamentos emaranhados, suados de buscas inacabadas... Tudo se resume a um conceito... Sonho, a busca da linha fina do horizonte, nas suas ínfimas interpretações...Porque somos seres insatisfeitos... ou porque apenas devemos sê-lo... Porque a vida não pára e o tempo dispara… Porque a chuva cai e o sorriso vai, vivemos em constante mutação e perda de valores sociais que corroem a essência da humanidade… assim, ando…"À procura, procura do vento. Porque minha vontade tem o tamanho de uma lei da terra. Porque a minha força determina a passagem do tempo. Eu quero. Eu sou capaz de lançar um grito para dentro de mim, que arranca árvores pelas raízes, que explode veias em todos os corpos, que trespassa o mundo. Eu sou capaz de correr através desse grito, à sua velocidade, contra tudo o que se lança para deter-me, contra tudo o que se levanta no meu caminho, contra mim próprio. Eu quero. Eu sou capaz de expulsar o sol da minha pele, de vencê-lo mais uma vez e sempre. Porque a minha vontade me regenera, faz-me nascer, renascer.Porque a minha força é imortal".

...José Luís PEIXOTO

Que seria das nossas vidas sem eles?

Olho em meu redor e penso, navego e descubro...

A vida mostra-me muito mais do que aquilo que quero, enfim, saborear... sem questionar, sem responder...

Coisas boas... coisas más... aprendo a sentir que sem as más não conseguiria dar valor às boas... O sabor da luta e da conquista torna-me tão mais forte... Olho para trás e penso tudo isto é meu... MEU DEUS, fui mesmo eu... Como isso? Nem sei, ou talvez não...

No meio desta tempestade vivencial descubro uns seres andantes, brilhantes e tão fascinantes... Olha, chamam-lhe amigos... E não é que afinal, às vezes, eles existem...

Por isso, fiquemos todos a saber que na nossa curta viagem pelo doce purgatórioPrecisamos de amigos... o ar aqui é secundário... indiferente

Basta, para isso, que sejamos seres humanos, procuraremos criaturas minimalistas... e para que toda esta quimera se torne numa realidade, poucas são as exigências que deles fazemos...

Basta que tenham sentimentos, basta-lhes, por isso, um nobre coração. Precisam saber falar e calar, sobretudo saber ouvir e ser também, por nós, atenta e alegremente ouvidos...

Têm de gostar de poesia, só os corações nobres a transpiram... gostar da fria e aconchegante madrugada, de pássaros, que tão docemente nos enchem a alma, de sol que queime as feridas do passado e as seque, da lua, que tanto nos faz sonhar... que nos transpõe e nos leva a acreditar... naquele recanto escondido que teimamos não descobrir... do canto, aquele sui generis canto, dos ventos que arrepiam e levam, contentemente, a dor... das canções, que preenchem a alma como um chocolate a uma criança... enfim, da brisa. Consegues sentir a brisa?

Deve ter amor, o que é uma vida sem amor... um grande amor por alguém, ou então sentir a falta desse amor... Quantas vezes não a sentiste tu... e a dor que isso te causou? Valeu, sim valeu... para ter a força de amar de novo... Deve amar o próximo e respeitar a dor que os outros passantes levam consigo, são tantos, consegues vê-los?

Deve guardar segredo sem se sacrificar. Que honra que isso nos dá... que importantes que nos torna...Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos já foram enganados. Quem não foi, por favor, levante o braço... não é preciso que seja puro, já não temos idade para acreditar em contos de fadas... nem de todo impuro, mas não deve ser vulgar. A vulgaridade é algo muito simples, concordas?Deve ter um ideal, lutar por ele até ao último fôlego e demonstrar muito, muito medo de perdê-lo, no caso de assim não ser, deve sentir o vácuo que isso deixa.

Já consegues sentir? Dói a dor de reflectir? Crescer também dói... Como custa...

Tem que ter ressonâncias humanas e o seu principal objectivo deve ser o amigo.

Deve ter pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.

Deve gostar de crianças, sentir os sorrisos das crianças e agarrar-lhe a mão quando elas caírem, e lamentar as que não puderam nascer.Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, não se ama alguém que não oiça a mesma canção...

Que se comova quando lhe chamamos amigo. Quando isso acontecer saberás... Aí as palavras passam para segundo plano...

Esse amigo precisa saber conversar de coisas simples, de orvalhos, brancos e frescos, à beira mar de grandes chuvas e das recordações de infância.Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada de mato depois da chuva sem se deitar no capim.Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para parar de chorar, para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame sempre de amigo, para podermos ter a consciência que ainda se vive...

Eu quero...

... E o sonho continua...Os ínfimos desejos e as loucas ambições de páginas vasculhadas nas gavetas sem fundo transpõe-nos, por vezes, para duras realidades. Na vida todos queremos nada, todos deixamos tudo… Confusos, sem saber exactamente o quê! Medo de ver o caminho, vamos, ainda e sempre, indefinidos... seguindo os rastos, falando às pedras da calçada, sempre com medo de descer aquele degrau que nos transcende...Eu sei, eu vi eu quero… basta conseguir ver…"Não quero alguém que morra de amor por mim... Isso são apenas metamorfoses da vida...Só preciso de alguém que viva por mim, exactamente como eu vivo.Que queira estar junto de mim, abraçando-me, naquele calor de inverno...Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade... apenas com a sua! Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim... Nem que eu faça a falta que elas me fazem. O importante para mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível...
E que esse momento será inesquecível...Só quero que meu sentimento seja valorizado... como sempre como dantes!
Quero sempre poder ter um sorriso estampando no meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre... E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor. Quero poder fechar os meus olhos e imaginar alguém...e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto.
Queria ter a certeza de que, apesar das minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho, nem pelo que eu aparento... quero ser sempre transparente... Como o vento! Que enche a alma e me traz a calma…Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é o meu sentimento... E não brinque com ele.Anseio que esse alguém me implore para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesma... Só assim, com tudo e sem nada!Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para lhe mostrar que o amor existe... Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.
Quero poder acreditar que mesmo se, hoje, eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos, talvez obtenha êxito e serei plenamente feliz. Que eu nunca deixe a minha esperança ser abalada por palavras pessimistas... Que a esperança nunca me pareça um NÃO que a gente teime em pintá-lo de verde e entendê-lo como SIM. Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder dizer a alguém o quanto ela é especial e importante para mim, sem ter de me preocupar com terceiros... Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento. Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... Que o amor existe, que vale a pena doarmo-nos às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena." Etiquetas: are we lost in a dream?

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009


"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado, algumas vezes, mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.

É saber falar de si mesmo.

É ter coragem para ouvir um "não".

É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

Fernando Pessoa

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Um livro (Aqui tão grande nesta remoto cantinho)

Porque o sonho comanda a vida, e o mundo pula e avança como ele mesmo anunciou...
Um nobre senhor um dia escreveu...

Um livro escreve-se uma vez e outra vez.
Um livro se repete. O mesmo livro.
Sempre. Ou a mesma pergunta. Ou
talvez
o não haver resposta.
Por isso um livro anda à volta sobre si mesmo
um livro o poema a prosa a frase
tensa
a escrita nunca escrita
a que não é senão o ritmo
subterrâneo
o anjo oculto o rio
o demónio azul.

um livro. Sempre.
Um livro que se escreve e não se escreve
ou se rescreve junto
ao mesmo mar.

Um livro. Navegação por dentro
errância que não chega a nenhuma Ítaca.
um livro se repete. Um livro
essa pergunta
incognoscível código do ser.
Metáfora de cornos de pés-de-cabra.
Um livro. Esse buscar
coisa nenhuma.
Ou só o espaço
o grande interminável espaço em branco
por onde corre o sangue a escrita a vida.
um livro.

Manuel Alegre

... e o sonho... e o livro!
"Porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura"
Fernado Pessoa

Ela canta, pobre ceifeira



Ela canta, pobre ceifeira,


Julgando-se feliz talvez;


Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia


De alegre e anônima viuvez,


Ondula como um canto de ave


No ar limpo como um limiar,


E há curvas no enredo suave


Do som que ela tem a cantar.



Ouvi-la alegra e entristece,


Na sua voz há o campo e a lida,


E canta como se tivesse


Mais razões pra cantar que a vida.



Ah, canta, canta sem razão !


O que em mim sente 'stá pensando.


Derrama no meu coração a tua incerta voz ondeando !



Ah, poder ser tu, sendo eu !


Ter a tua alegre inconsciência, E a consciência disso !


Ó céu ! Ó campo ! Ó canção !



A ciência Pesa tanto e a vida é tão breve !


Entrai por mim dentro !


Tornai Minha alma a vossa sombra leve !


Depois, levando-me, passai !



Fernando Pessoa