sábado, 7 de março de 2009

Não posso


Não posso adiar o amor para outro século
Não posso!
Ainda que o grito sufoque na garganta
Ainda que o ódio estale e crepite e arda sob as montanhas cinzentas e montanhas cinzentas
Não posso adiar este braço que é uma arma de dois gumes amor e ódio
Não posso adiar ainda que a noite pese séculos sobre as costas e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida nem o meu amor nem o meu grito de libertação Não posso adiar o coração.

António Ramos Rosa

1 comentário:

  1. Olá, passei para conhecer seu espaço, abraços.
    Borboleta


    "Xiquexique, mucunã
    Raiz de imbu e colé
    Feijão brabo, catolé
    Macambira, imbiratã
    Do pau-pedra e caimã
    A parreira e o murão
    Maniçoba e gordião
    Comendo isso todo dia
    Incha e causa hidropsia
    Foge, povo do setão"


    "Marchemos a encarar
    Trinta mil epidemias
    Frialdade, hidropsia,
    Que ninguém pode escapar.
    Os que vão para o brejo vão
    Morrem de epidemia
    Sofrem fome todo dia
    Os que ficam no sertão"

    Josué de Castro

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