quinta-feira, 7 de maio de 2009




No teu poema


Existe um verso em branco e sem medida


Um corpo que respira, um céu aberto


Janela debruçada para a vida.




No teu poema


Existe a dor calada lá no fundo


O passo da coragem em casa escura


E aberta, uma varanda para o Mundo.




Existe a noite


O riso e a voz refeita à luz do dia


A festa da Senhora da Agonia


E o cansaço do corpo que adormece em cama fria.




Existe um rio


A sina de quem nasce fraco ou forte


O risco, a raiva, a luta de quem cai ou que resiste


Que vence ou adormece antes da morte.



No teu poema


Existe o grito e o eco da metralha


A dor que sei de cor mas não recito


E os sonos inquietos de quem falha.



No teu poema


Existe um cantochão alentejano


A rua e o pregão de uma varina


E um barco assoprado a todo o pano.



Existe a noite


O canto em vozes juntas, vozes certas


Canção de uma só letra e um só destino a embarcar


O cais da nova nau das descobertas


Existe um rio


A sina de quem nasce fraco, ou forte


O risco, a raiva e a luta de quem cai ou que resiste


Que vence ou adormece antes da morte.




No teu poema


Existe a esperança acesa atrás do muro


Existe tudo mais que ainda me escapa

E um verso em branco à espera... do futuro.
Carlos do Carmo

1 comentário:

  1. vagueando pela net infíma de sabedoria, deparei-me com um belo porto como que vendo um belo por do sol...
    lindo que todas as palavras não chegam para o qualificar...
    não sei quem é o teu poema... mas de certo será um privilegiado esse poema...
    muitos parabens

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