terça-feira, 24 de fevereiro de 2009


Que seria das nossas vidas sem eles?

Olho em meu redor e penso, navego e descubro...

A vida mostra-me muito mais do que aquilo que quero, enfim, saborear... sem questionar, sem responder...

Coisas boas... coisas más... aprendo a sentir que sem as más não conseguiria dar valor às boas... O sabor da luta e da conquista torna-me tão mais forte... Olho para trás e penso tudo isto é meu... MEU DEUS, fui mesmo eu... Como isso? Nem sei, ou talvez não...

No meio desta tempestade vivencial descubro uns seres andantes, brilhantes e tão fascinantes... Olha, chamam-lhe amigos... E não é que afinal, às vezes, eles existem...

Por isso, fiquemos todos a saber que na nossa curta viagem pelo doce purgatórioPrecisamos de amigos... o ar aqui é secundário... indiferente

Basta, para isso, que sejamos seres humanos, procuraremos criaturas minimalistas... e para que toda esta quimera se torne numa realidade, poucas são as exigências que deles fazemos...

Basta que tenham sentimentos, basta-lhes, por isso, um nobre coração. Precisam saber falar e calar, sobretudo saber ouvir e ser também, por nós, atenta e alegremente ouvidos...

Têm de gostar de poesia, só os corações nobres a transpiram... gostar da fria e aconchegante madrugada, de pássaros, que tão docemente nos enchem a alma, de sol que queime as feridas do passado e as seque, da lua, que tanto nos faz sonhar... que nos transpõe e nos leva a acreditar... naquele recanto escondido que teimamos não descobrir... do canto, aquele sui generis canto, dos ventos que arrepiam e levam, contentemente, a dor... das canções, que preenchem a alma como um chocolate a uma criança... enfim, da brisa. Consegues sentir a brisa?

Deve ter amor, o que é uma vida sem amor... um grande amor por alguém, ou então sentir a falta desse amor... Quantas vezes não a sentiste tu... e a dor que isso te causou? Valeu, sim valeu... para ter a força de amar de novo... Deve amar o próximo e respeitar a dor que os outros passantes levam consigo, são tantos, consegues vê-los?

Deve guardar segredo sem se sacrificar. Que honra que isso nos dá... que importantes que nos torna...Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos já foram enganados. Quem não foi, por favor, levante o braço... não é preciso que seja puro, já não temos idade para acreditar em contos de fadas... nem de todo impuro, mas não deve ser vulgar. A vulgaridade é algo muito simples, concordas?Deve ter um ideal, lutar por ele até ao último fôlego e demonstrar muito, muito medo de perdê-lo, no caso de assim não ser, deve sentir o vácuo que isso deixa.

Já consegues sentir? Dói a dor de reflectir? Crescer também dói... Como custa...

Tem que ter ressonâncias humanas e o seu principal objectivo deve ser o amigo.

Deve ter pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários.

Deve gostar de crianças, sentir os sorrisos das crianças e agarrar-lhe a mão quando elas caírem, e lamentar as que não puderam nascer.Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, não se ama alguém que não oiça a mesma canção...

Que se comova quando lhe chamamos amigo. Quando isso acontecer saberás... Aí as palavras passam para segundo plano...

Esse amigo precisa saber conversar de coisas simples, de orvalhos, brancos e frescos, à beira mar de grandes chuvas e das recordações de infância.Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada de mato depois da chuva sem se deitar no capim.Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para parar de chorar, para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame sempre de amigo, para podermos ter a consciência que ainda se vive...

Sem comentários:

Enviar um comentário